Muitas concepções minhas mudaram depois dos últimos infernos que vivi, todas estas opiniões são tão transitórias não é? Portanto mesmo o que eu disser aqui não está livre desta transitoriedade, mas é minha aposta neste momento. Mudei minhas concepções sobre sofrimento e felicidade. Sofrer perdeu completamente sua obscenidade, percebi que ao sofrer podemos “ficar com medo de água fria” se defendendo de tudo e de todos. Um medo que leva a tentar controlar tudo, sempre preocupado, sufocando a potência de viver. Mas também existe a possibilidade de positivarmos este sofrimento, sermos capazes de extrair dele o máximo possível de potência, um sofrimento que te leve ao movimento me parece muito mais válido do que uma felicidade parada, contraída, simplesmente um “acomodar com o que incomoda”. Uma felicidade que se baseie em se privar da dor, se priva também de todas as outras intensidades. Uma vida média? Não é pra mim, eu quero a intensidade dos afetos não importam quais sejam. “A tragédia em cena já não me basta!”
Acho que encarar estes abismos era o que eu precisava para deixar de temê-los, poderia ter ficado depressivo, machucado, mas não. Foi bom pra descobrir o que sou capaz de bancar, o que somos capazes de bancar. Estou sendo capaz de abandonar formas obsoletas para produzir um novo corpo, “sob dez mil aspectos diversos”. E a cada dia que passa eu percebo que vale a pena pagar o preço da intensidade, o preço de não permanecer em contração e ser capaz de se entregar, afirmar a vida e habitar seus sentidos. Acho que esta é uma forma possível de se fazer da própria vida uma obra de arte.
Pra finalizar um poema do Artaud que inspira bastante....
"Quem sou eu? De onde venho? Sou Antonin Artaud e basta que eu o diga Como só eu o sei dizer e imediatamente hão de ver meu corpo atual, voar em pedaços e se juntar sob dez mil aspectos diversos. Um novo corpo no qual nunca mais poderão esquecer. Eu, Antonin Artaud, sou meu filho, meu pai, minha mãe, e eu mesmo. Eu represento Antonin Artaud! Estou sempre morto. Mas um vivo morto, Um morto vivo. Sou um morto Sempre vivo. A tragédia em cena já não me basta. Quero transportá-la para minha vida. Eu represento totalmente a minha vida. Onde as pessoas procuram criar obras de arte, eu pretendo mostrar o meu espírito. Não concebo uma obra de arte dissociada da vida. Eu, o senhor Antonin Artaud, nascido em Marseille no dia 4 de setembro de 1896, eu sou Satã e eu sou Deus, e pouco me importa a Virgem Maria.
Eu positivo alegria...
ResponderExcluir'Quando positiva demais fica magnetizado!'
beijo
ah...e a intensidade cabe apenas a nós mesmos ;P
Espinozista XD
ResponderExcluirNão se preocupe, sempre há a esperança de novamente expandir-se
ResponderExcluirtambém não consigo dormir